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Por que o Quiet Quitting está tirando o sono dos empregadores?

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Depois de dois anos da pandemia de Covid-19, a cultura do local de trabalho passou por mudanças e tendências significativas. É certo que muitos trabalhadores foram empurrados do escritório e para suas casas, onde passaram a refletir sobre o significado do trabalho e a mortalidade.

 

A classe trabalhadora percebeu que estava cansada, sobrecarregada e esgotada. Muitas pessoas buscaram encontrar um equilíbrio entre a vida profissional e a vida privada. É nesse cenário que surge o movimento Quiet Quitting (desistência ou demissão silenciosa), que trazem a pauta da saúde mental para o centro do debate sobre o futuro do trabalho.

 

O que é desistir silenciosamente?

 

Apesar do nome, a desistência silenciosa tem pouco a ver com a demissão do emprego. Na realidade, as pessoas estão rejeitando a cultura da superação e workaholic sem fim e escolhendo estabelecer limites para si mesmas no trabalho. Significa fazer no trabalho apenas o suficiente para atender às expectativas do trabalho – sem horas extras e certamente sem excesso de esforço.

 

Isso implica em dizer não para as tarefas que não são de atribuição do colaborador, não responder a e-mails ou mensagens fora do horário de expediente, sair do trabalho após o horário pré-determinado, entre outros.

 

Logo, o Quiet Quitting é uma perspectiva que busca valorizar a separação da vida pessoal do trabalho e minimizar os efeitos de uma cultura que sugere sermos todos produtivos na maior parte do tempo. Os efeitos deste conceito já estão mais do que claros na saúde mental e física das pessoas. Surge, assim, um grande compromisso para que as empresas possam chegar a um ponto de equilíbrio, levando em consideração as reais necessidades dos trabalhadores.

 

Talvez desistir silenciosamente não seja um conceito inovador, afinal. Talvez apenas estejamos olhando mais de perto, nesse momento, para algo que sempre existiu.

 

Por que isso está acontecendo?

 

Há muitas razões pelas quais as pessoas desistem silenciosamente. Os funcionários buscam recuperar um pouco do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Assim, é compreensível que utilizem essa espécie de estratégia para se protegerem do excesso de trabalho e do esgotamento.

 

Sim, porque é bastante comum ficar até tarde no trabalho a ponto de afetar o resto de nossa vida, dando-nos menos tempo para relaxar, praticar o autocuidado, fazer exercícios, ver a família e os amigos… – a lista é interminável.

 

Soma-se a isso o fato de as pessoas não verem seus salários aumentarem (pelo menos o suficiente para fazer frente à inflação), bem como a ausência de reconhecimento e oportunidade de desenvolvimento e crescimento dentro da empresa em que trabalham.

 

Desmotivação no local de trabalho

 

As impressões compartilhadas de insatisfação das pessoas parecem ser confirmadas por um relatório anual da empresa americana de análise e consultoria Gallup sobre a experiência e as avaliações de trabalhadores de todo o mundo sobre suas vidas profissionais.

 

De acordo com o relatório, antes da pandemia, a motivação e o bem-estar estavam aumentando globalmente por quase uma década – mas agora estão estagnados em 21% dos funcionários. Além disso, 44% dos funcionários relataram que se sentem estressados ao longo da jornada de trabalho. Apenas 33% dos funcionários afirmam estar prosperando em seu bem-estar geral.

 

A grande maioria diz que não considera seu trabalho significativo, não acha que suas vidas estão indo bem ou não se sente esperançoso em relação ao seu futuro. “Viver aguardando os finais de semana”, “observar o tique-taque do relógio” e “trabalhar apenas por um salário” são alguns mantras da maioria dos trabalhadores entrevistados.

 

Tais dados são corroborados por um levantamento feito pela Wellness at Work 2022, da Employment Hero, onde se apurou que 53% dos funcionários relatam esgotamento no trabalho e outros 52% avaliam o equilíbrio entre vida profissional e pessoal como insatisfatório. São dados preocupantes

 

Esses números demonstram que existe uma situação extrema que, inevitavelmente, acaba oscilando fortemente na direção contrária. Como tal, a resposta a sentimentos de insatisfação, esgotamento e estresse pode ser encontrada nos limites de desistir silenciosamente.

 

Reflexos econômicos nada silenciosos

 

Funcionários desengajados e insatisfeitos custaram à economia global US$ 7,8 trilhões devido à baixa produtividade, de acordo com o relatório State of Global Workplace de 2022, da Gallup – montante equivalente a 11% do PIB global.

 

Existe uma forte ligação entre níveis de motivação do funcionário e resultados de desempenho. Empresas com trabalhadores engajados têm lucros 23% maiores em comparação com aqueles que se sentem desmotivados e/ou desvalorizados.

 

Diante dessas informações, pode-se concluir que um colaborador motivado reflete bons resultados para os negócios. Por outro lado, o oposto também é verdadeiro, isto é, funcionários desmotivados impactam em custos às empresas.

 

Iniciando uma transformação

 

Os empregadores e gestores são a chave para que os colaboradores prosperarem no trabalho. Eles podem ajudar os funcionários a alcançar o sucesso, encontrar equilíbrio e receber assistência, além de incutir um forte senso de inclusão, pertencimento e realização.

 

Por isso, as empresas estão respondendo à tendência de desistência silenciosa instituindo novas regulamentações no local de trabalho para diminuir o estresse e o esgotamento, ao mesmo tempo em que promovem módulos de trabalho flexíveis.

 

Nesse sentido, devem investir em suas equipes para concluir as tarefas sem atrito, garantir que o ambiente corporativo seja saudável e recompensar adequadamente um trabalho bem executado. Em última análise, deve-se construir uma comunidade viva da qual todos se sintam parte, o que significa pensar na pessoa como um todo, e não apenas como um colaborador.

 

Não há nada de errado em mergulhar fundo em um trabalho, principalmente se você estiver trabalhando para aquele cargo que sempre almejou. Para muitas pessoas, a carreira lhes dá um verdadeiro senso de propósito.

 

Contudo, é necessário prestar atenção em nossa rotina para encontrar um bom equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Mesmo que você goste do seu trabalho, não deve negligenciar outros aspectos da vida e seu próprio bem-estar.

 

A desistência silenciosa pode se tornar um fenômeno de curto prazo, mas não obscurece os desafios reais que os funcionários enfrentam. Para promover uma melhor relação empregador-empregado, todos os lados devem reconsiderar a cultura de trabalho e se comprometer a corrigi-la.

 

O lado humano, a reinvenção e a construção colaborativa fazem parte dos valores Pact. Acreditamos na importância do bem-estar e da saúde mental em nossa jornada

 

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